É injusto! É injusto compreender os significados da passagem
de cada ciclo apenas na eminência de seu fim. Eu não consigo afirmar com
propriedade, se minha cabeça já está acostumada a trabalhar supondo um eminente
fim. Se sim, significa que tudo que vejo, eu já expando de forma errada,
fazendo uma leitura mental equivocada e distorcida das coisas, já implicando, de
forma tendenciosa, em um fim trágico e traumático. Mas se não, se minha cabeça
de fato trabalha com a lógica, se faz sentido, significa que tudo que vivemos
faz parte de um processo até atingir uma plenitude – essa plenitude que eu,
mero escritor de textos comuns, não sabe se é utópica ou real.
O que eu sei – e digo que sei por que sinto e confio no que
sinto – é que é injusto concluir que alguns ciclos marcantes, onde há muito desprendimento
de energia, fazem parte de processos individuais que estão acontecendo em
conjunto e os resultados/aprendizados/consequências destes serão usufruídos por
outros que não participaram do seu desenvolvimento. Mas que, todavia estiveram
em outros ciclos e outros processos individuais. Ou seja, tudo que foi extraído
de melhor e pior de cada situação, tudo que foi minuciosamente debatido e
observado, fará sentido em algum momento, em outros ciclos, juntamente com
outras bagagens de outras experiências. E faz parte da nossa evolução, entender
que para se chegar ao ideal, â plenitude, são necessárias mudanças, adaptações
e rupturas, estas tais que só podem ser realizadas no tempo individual de cada
um.
Traduzindo, pessoas vêm e vão em nossas vidas para deixar
algum legado que usaremos com outras pessoas. Outras pessoas, usarão seus
legados conosco. Por vezes, não aceitaremos a partida de alguém ou
questionaremos a permanência de outrem, mas o legado sempre será deixado. Acho
injusto, quando nos doamos em prol de pessoas que queremos que permaneçam, mas
seu destino está fadado a outros ciclos.
Portanto, em qualquer relação, corpos que vibram energias no
seu fluido próprio, só podem se entender se estiverem na mesma frequência. Caso
contrário, em momentos de falta de ressonância, o comum é que a frustração diante
de dificuldades ocorridas seja maior do que a vontade de aprender com o enredo
da vida, e para mudar esse cenário, é imprescindível que haja disposição,
compreensão, respeito, humildade e autoconhecimento, para se descontruir e
construir dentro dos ciclos.
O fato é que, sempre haverá momentos de ressonância e
ausência dela, altos e baixos da vida são o que tornam ela prazerosa e
intrigante. Buscar plenitude e autoconhecimento são fundamentos indispensáveis num
ser que almeja construir relações saudáveis e duradouras. Assim, se evita
conflitos e aumenta a capacidade de formas de lidar com situações de embate.
Projeção, negação e egoísmo, são típicas manifestações da falta de conhecimento
próprio e das próprias questões, tornando impossível ampliar horizontes e
visualizar o mundo sob novas perspectivas.
Com isso, os questionamentos que deixo são: como você encara
a sua realidade? Como está a sua vibração e o seu comportamento dentro do seu
processo de aprendizagem? Você tem fome de horizonte e de ampliar suas
perspectivas ou sua fome é saciada apenas quando em concordância dos seus quereres,
esquecendo-se do outro?
Eu assumo minha falta de autoconhecimento e de humildade,
exponho meus sentimentos na mesma proporção em que anseio por novas experiências,
eu nunca estarei cansado para continuar a jornada em busca da plenitude. E
você? Já desistiu?