sábado, 30 de setembro de 2017

EPIFANIA

 Ontem eu tava na praia e tive uma epifania. Vai ser praticamente impossível explicar, porque pra mim faz muito sentido, mas uma coisa é fazer sentido na minha cabeça, outra coisa é transcrever. Mas vou dar o meu melhor.
 Imagina o cenário assim: Praia da Barra, solzão 40°. Tinha algumas pessoas, não muitas, sentadas em cadeiras de praia, outras deitadas em suas cangas. Tava todo mundo meio que perto um do outro. Ficavam acumulados até uma parte da praia e deixavam um espaço de areia entre eles e o mar. 
     Foi justamente ali que eu fiquei: entre as pessoas e o mar. Estava em pé, admirando a imensidão do oceano e escutando música no fone. Fiquei ali parado durante mais ou menos 40 minutos.
 Naqueles minutos eu senti coisas maravilhosas, lembranças me faziam rir sozinho. Pensei na minha família, na minha irmã mais nova, em coisas que fazem a vida valer a pena. Praticamente esqueci da existências das pessoas atrás de mim.
     Depois, cansado, resolvi sentar. Fui para atrás das pessoas, de modo com que elas ficassem entre mim e o mar. E ali fiquei observando.
 Percebi que estava me sentindo incomodado com algo. Já não estava a mesma vibe. Não conseguia ver o mar direito, ficava prestando atenção nas pessoas, no que elas estavam fazendo, tentando deduzir o que elas tavam conversando ou até mesmo pensando. Será que elas ficaram me observando quando eu estava na frente do mar?
   Foi nesse instante que tive a epifania. 
  O mar representa as coisas boas da vida, os afetos, as experiências. As pessoas representam a sociedade, os padrões que nos é imposto.
 Se colocarmos o mar na frente, como prioridade, com certeza a vida vai ser mais bonita, mais bem aproveitada, mais bem vivida. Não vai fazer diferença a existência de padrões ou de qlq forma imposta no nosso modo de ver, pq estaremos mais preocupados em apreciar o mar, estaremos mais preocupados em viver.
  Se colocarmos as pessoas na frente, vamos perder toda a beleza do mar por levar em consideração aquilo que é bem menor diante da imensidão de coisas boas. 
Deu pra entender? 
  Levantei e fui embora pra casa. Este que vos escreve não é mais o mesmo depois desta tarde. Meu desejo é de entrar de cabeça no oceano.