quinta-feira, 4 de junho de 2020

ENCOSTADO NO COQUEIRO

Sai correndo na pista
Pra contar essa história de amor à primeira vista
Parece coisa de conto de fadas
Só que eu já tinha certeza quando ouvi sua risada

Ela desfila no corredor
E eu de observador
Admirando a passarela

Aquele anjo cheio de cor
Meu amor, não sou toquinho
Mas a sua aura é de aquarela

Quanto eu te vi no corredor
Eu pensei: “o jogo terminou”
E eu já tinha entendido

É que a gente tem alma de artista
Sai correndo na pista
Pra dizer no teu ouvido

“Pode ser de frente pro mar
Na saída de um bar
Ou encostado num coqueiro
Eu só sei que eu quero estar do teu lado
Curtindo a brisa o dia inteiro

Pode ser na padaria
Num restaurante chique
Ou naquele x-tudo vagabundo
Eu só quero estar do teu lado
E estou preparado
Pra gente dominar o mundo”

Não consegui disfarçar
Que pra gente eu já tinha um plano de futuro
A onda eu tive que segurar
Porque eu sou moleque
Mas pra ela eu vou dar pinta de maduro

Só que isso não funcionou
Ela me decifrou
E agora já me conhece e verdade
Foi ela que me desarmou
A barreira era pro mal
Só que ela não tem um pingo de maldade

Quando eu te vi no corredor
Eu vi uma historia de amor
Batendo na minha porta

E os deuses são roteiristas
Sai correndo na pista
Porque era o certo pelas linhas tortas

sábado, 23 de maio de 2020

A CAMPONESA E O PIRATA

Quantas vezes vou ter que ser clichê? Eu tento fugir disso. Não tenho vocabulário suficiente pra descrever a saudade. Talvez se eu fosse uma camponesa que esperou fielmente o marido que partiu pra guerra. Aquela que cuida de seu jardim todo final de tarde, faz um chá e escreve cartas para seu soldado. Talvez assim eu pudesse descrever a saudade.

Talvez se eu fosse um pirata, que passou semanas em mar aberto, e que durante as tempestades, cantarolou as músicas que a ouvia cantarolando de manhã, porque essa lembrança despertava uma fagulha de calmaria. Talvez assim eu pudesse expressar a saudade.

Mas quanto mais me esquivo do clichê, mais ele me parece razoável. Repetitivo até. Sabe, meu bem, você não merece minhas palavras repetidas, minha tentativa falha de racionalizar algo tão intuitivo, As palavras que procuro são inalcançáveis. Então me restaria inventar novas. Só o neologismo seria criativo suficiente para algo tão genuíno que trafega nas minhas subjetividades.

Sinto saudades da obra de arte ambulante que tem nos teus andares. Das orquestras sinfônicas das tuas falas. Dos teus suspiros. Da tua aquarela que colore qualquer dia cinzento. Da tua dramaturgia sem ensaio. Você é meu frio da barriga antes das cortinas se abrirem. Meu mar. Minha flor. É cheiro de campo molhado de chuva. É a queda segura do tobogã. É meu abraço demorado. É todo conforto que não pode ser comercializado, que não passa na propaganda, que não aparece no feed, porque não é uma projeção do que precisa ser. Apenas é. É um espetáculo. É meu romance favorito. É Lisbela. Uma canção de Caetano. Um quadro de Susano. É meu Cirque Du Soleil particular.

Olha, meu bem, talvez eu tenha caído no clichê de novo, igual as músicas que estou ouvindo enquanto garimpo as palavras pra te escrever. Espero ansioso a hora de dormir, pois nos sonhos te encontro. A camponesa e o pirata lidaram melhor com a solidão. Eles guardaram seus amores em lugares seguros dentro da memória e eram regidos pela força do reencontro. E essa força me impulsiona nos dias ruins e me alegram nos dias normais. Te vejo em breve para novos primeiros beijos, novas descobertas, novas composições e novas invenções. Para que a arte de estar junto alimente esses dois artistas. 


sexta-feira, 3 de abril de 2020

SEM HORA


Teu coração tá em liquidação
E os cara achando que precisa de promoção, não
Eu sou malandro e falo no teu pé do ouvido
E o teu sorriso entrega que tu concorda comigo

Ela gosta de implicar só pra ver eu ficar puto                     
Ela, mulher do caralho e eu me fingindo adulto
Ela se amarra em ver a minha cara de confuso
A gente encaixou certo, não se preocupa com fuso

Desculpa, não sou aqueles cara engomado
Que não bebe, não fuma, porque foi “bem educado” 
Eu sou mais o cara da parceria lado a lado
E talvez te desperte o teu jeitinho mais safado

Cola comigo enquanto eu boto FKJ
Apaga a luz porque dai já começa as notas, de fato
Das orquestras sinfônicas que a gente faz no quarto
Não liga pros que falam que deles eu já to farto
Eles não sabem um quarto, minha nega

Me espera porque eu já to saindo do casulo
Pra dividir a positividade que acumulo
Não adianta, que eu não ligo pra esse jogo duro
Eu to preparado pro caminho ma'duro

Cê quer ser uma certeza, sem medo eu insisto
Cê quer ser descoberta, tudo bem eu te conquisto
Então, conta logo pra tua mãe que eu existo
Mas avisa que o horário é mais tarde que o previsto

quarta-feira, 25 de março de 2020

MELHOR SER HUMANO


Jesus também não teve uma boa equipe. Não tem. Todos concordam que os grandes líderes precisaram de bons times, para que o trabalho, ideal ou propósito fosse executado e passado adiante com êxito. Caso contrário, fracasso. Tipo certos pronunciamentos...

Jesus trouxe uma nova perspectiva de mundo e de relações entre pessoas e pediu aos seus discípulos para espalhar a palavra. Fizeram um telefone sem fio entre fanhos pra espalhar a palavra de Jesus! Um exemplo disso: as grandes religiões cristãs representam Jesus com uma cruz, ou seja, o que simboliza a MORTE dele. Olha, se eu morresse de infarto, não queria que minha irmã tatuasse um minister vermelho nas costas.

A morte de Jesus foi a cereja do bolo, ok? De alguém que passou a vida a servindo, e a morte não seria diferente, em nossa remissão foi oferecida.  Pois bem... esse sacrifício é entendido meio errado e transmitido errado pelas grandes religiões. Alguém falou: “esse é jesus que morreu por vós” e outro entendeu: “esse é jesus que vai ter que morrer por nós”. Ai cria essa coisinha lúdica sabe? De alguém – superior – que vai fazer um sacrifício por nós. Daí, eu posso passar a vida no egoísmo, sendo otário e babaca, apresentando sempre minha pior face pras pessoas, MAS NA HORA DA MORTE, SE EU ME ARREPENDER. TÁ TUDO CERTO. Apenas na hora da morte? Se tu se arrepender, mana, tu vai simplesmente reencarnar só pra saber se aprendeu mesmo.

Isso injeta automaticamente uma sensação de culpa na gente, porque somos pecadores né? Temos que toda hora pedir perdão, porque estamos agindo muito errado com aquele que vai fazer um sacrifício por nós. NÃO FOI ISSO QUE ELE QUIS DIZER.
Temos que pedir perdão pelos pecados certos. A palavra dele foi deixada, ele já morreu por nós, nós temos que PRATICAR. Amar o próximo como a si mesmo. Mas todos nós temos problemas psicológicos e problemas de autoestima e não nos amamos.

Jesus tratou psicologicamente das pessoas, não as apontou o dedo. Com quem apontou o dedo, ele constrangeu e mandou atirar a primeira pedra o mais doidão que não fazia nada de errado. Todo mundo vazou. Ele mostrava pra pessoa o que tava rolando, era sensato e verdadeiro, na lata. Acolheu qualquer um, repito, qualquer um, e não queria saber o que eram, mas sim, quais as intenções em conhece-lo.

Por isso que Jesus é foda, mesmo com uma equipe passando a mensagem errada, a palavra chegou até quem tem luz pra interpretar, pra quem sente, pra quem observa, pra quem ama e entende. Tem muitas e muitas pessoas que não conhecem a palavra de Jesus, que não tão nas igrejas, mas que já enxergam o mundo com os olhos dele.  Quem tá agindo de uma forma melhor?

Caso contrário, a palavra pode virar QUALQUER INSTRUMENTO DE ALIENAÇÃO. Qual a sua intenção ao conhecer Jesus hein? Quer dinheiro é? Prosperar? Que eu saiba Jesus não falou em economia não hein...

Falando em economia, hahahahahah, bem e ai como tá tua quarentena hein? Tá meio triste viver nesse cenário de apoiadores do cara, né? Dos que se dizem transmissores da palavra de Deus. Os soldados de Jesus. Mas, eles tão falando o que a gente quer ouvir. “Voltem as ruas, isso não é nada! ”.  Vai dizer que tu não queria que fosse verdade? Todo mundo queria! Mas sabemos que não é, sabemos o cenário catastrófico que pode virar, porém o cenário que temos agora é parecido com esse:

Imaginem uma família com quatro pessoas. Um pai, uma mãe e um casal de irmãos. De repente, o pai e a irmã descobrem ao mesmo tempo que tem câncer. A família não tem muitos recursos para arcar com as despesas de dois tratamentos. Eles têm duas opções: ou escolher um dos dois pra gastar o que podem pra tentar salvá-lo e apenas lamentar a morte do outro ou vender tudo que tem para tentar salvar os dois. ”.

Qual opção você escolheria se fosse dessa família? Obviamente, vender tudo, foda-se, depois dá um jeito. Se você escolheria a outra opção, pode apertar no X ali em cima. Você não tá entendendo o que eu tô falando.

Agora eu te pergunto, qual opção você acha que Jesus falaria para você escolher?

Esse momento que estamos vivendo é louco. Tem que ficar todo mundo em casa. Vantagem: vai dar de tratar muitos e salvar muitos. Desvantagem: todo mundo fodido. Mas é isso! É por uma boa causa, é por uma causa humana.

]Jesus foi humano. Significou o a expressão SER HUMANO, ele foi humano e foi o melhor de todos, o mais evoluído, o que mais entendeu o rolé.

Qual solução você acha que ele daria?

Qual a mais humana?

Mas a história é espiral, as coisas sempre se repetem, sempre escolhem barrabás.  

sábado, 14 de março de 2020

VERSÃO MELHORADA


Já imaginou tu poder reviver a tua própria história, porém como observador? Tu poder tirar uma parte do teu corpo e essa parte virar uma nova vida, em uma versão melhorada? Das diversas posições sociais que a gente ocupa e dos vários personagens que somos dentro das histórias que vivemos, o papel de irmão é extremamente interessante, pois permite que vejamos diversas versões de nós mesmos. É engraçado ver o crescimento de uma pessoa que  teve a mesma criação que você, divide o mesmo espaço pseudo-não-social com você, observa a mesma realidade que você, e mesmo assim, com todas as variáveis possíveis, se torna uma pessoa totalmente diferente de você. Eu sou irmão mais velho, muito mais por imposição do espaço-tempo do que por talento e vocação. E observo de perto o crescimento de uma versão supermelhorada de mim mesmo.
Seria até audácia da minha parte falar: “uma versão de mim mesmo”, já que é composta por tantas e tantas partes autênticas. Percebeu logo cedo que era das LETRAS e não dos números. Coisa que demorei muito para notar. E mesmo tendo mais gamas de conhecimento do que as que eu tive no meu processo,  sofre pelas mesmas coisas que sofria, teme pelas mesmas coisas que temia e não se reconhece como eu não me reconhecia.
Porém, a nossa diferença gritante – que a faz estar anos-luz à minha frente – é que faz muitas perguntas, ao mundo e a si mesma, na tentativa de entender tudo e não fazer escolhas erradas. Olha, o mundo além de ser movido por perguntas, é movido por escolhas. A gente não deve teme-las e sim, otimiza-las.
E dos vários caminhos que andamos na tentativa de se chegar a um verdadeiro sentido, o que você pegou agora, com certeza trará boas perspectivas para o futuro. Conectar com o espiritual é conseguir fazer com o que o seu corpo, numa rara oportunidade, vibre na mesma frequência de seres e sentimentos extraordinariamente evoluídos. Por isso que nos emocionamos, que as palavras e sons nos tocam tanto. Então uma nova forma de ver o mundo e as relações nos é apresentada. Começa a fazer sentido que se todos vibraram nesta mesma frequência, o mundo seria um lugar melhor e muito diferente do que é.
TEMOS muito orgulho de quem você é. Por ser uma versão melhorada de nós. Lembre-se que não há medo algum que resista as vibrações do amor e da paz, e que seu encontro com cristo veio ser o seu passaporte para uma nova vida, sob uma nova perspectiva.
E mesmo que minhas palavras não estejam fazendo tanto sentido, leia o texto para sempre, até que o faça. Amo você tanto que dói. Geovany Calegário, professor palhaço maluco doido que fala sozinho.

sábado, 15 de fevereiro de 2020

VIBRAÇÕES

É injusto! É injusto compreender os significados da passagem de cada ciclo apenas na eminência de seu fim. Eu não consigo afirmar com propriedade, se minha cabeça já está acostumada a trabalhar supondo um eminente fim. Se sim, significa que tudo que vejo, eu já expando de forma errada, fazendo uma leitura mental equivocada e distorcida das coisas, já implicando, de forma tendenciosa, em um fim trágico e traumático. Mas se não, se minha cabeça de fato trabalha com a lógica, se faz sentido, significa que tudo que vivemos faz parte de um processo até atingir uma plenitude – essa plenitude que eu, mero escritor de textos comuns, não sabe se é utópica ou real.
O que eu sei – e digo que sei por que sinto e confio no que sinto – é que é injusto concluir que alguns ciclos marcantes, onde há muito desprendimento de energia, fazem parte de processos individuais que estão acontecendo em conjunto e os resultados/aprendizados/consequências destes serão usufruídos por outros que não participaram do seu desenvolvimento. Mas que, todavia estiveram em outros ciclos e outros processos individuais. Ou seja, tudo que foi extraído de melhor e pior de cada situação, tudo que foi minuciosamente debatido e observado, fará sentido em algum momento, em outros ciclos, juntamente com outras bagagens de outras experiências. E faz parte da nossa evolução, entender que para se chegar ao ideal, â plenitude, são necessárias mudanças, adaptações e rupturas, estas tais que só podem ser realizadas no tempo individual de cada um.  
Traduzindo, pessoas vêm e vão em nossas vidas para deixar algum legado que usaremos com outras pessoas. Outras pessoas, usarão seus legados conosco. Por vezes, não aceitaremos a partida de alguém ou questionaremos a permanência de outrem, mas o legado sempre será deixado. Acho injusto, quando nos doamos em prol de pessoas que queremos que permaneçam, mas seu destino está fadado a outros ciclos.
Portanto, em qualquer relação, corpos que vibram energias no seu fluido próprio, só podem se entender se estiverem na mesma frequência. Caso contrário, em momentos de falta de ressonância, o comum é que a frustração diante de dificuldades ocorridas seja maior do que a vontade de aprender com o enredo da vida, e para mudar esse cenário, é imprescindível que haja disposição, compreensão, respeito, humildade e autoconhecimento, para se descontruir e construir dentro dos ciclos.
O fato é que, sempre haverá momentos de ressonância e ausência dela, altos e baixos da vida são o que tornam ela prazerosa e intrigante. Buscar plenitude e autoconhecimento são fundamentos indispensáveis num ser que almeja construir relações saudáveis e duradouras. Assim, se evita conflitos e aumenta a capacidade de formas de lidar com situações de embate. Projeção, negação e egoísmo, são típicas manifestações da falta de conhecimento próprio e das próprias questões, tornando impossível ampliar horizontes e visualizar o mundo sob novas perspectivas.
Com isso, os questionamentos que deixo são: como você encara a sua realidade? Como está a sua vibração e o seu comportamento dentro do seu processo de aprendizagem? Você tem fome de horizonte e de ampliar suas perspectivas ou sua fome é saciada apenas quando em concordância dos seus quereres, esquecendo-se do outro?

Eu assumo minha falta de autoconhecimento e de humildade, exponho meus sentimentos na mesma proporção em que anseio por novas experiências, eu nunca estarei cansado para continuar a jornada em busca da plenitude. E você? Já desistiu?  

FILA ERRADA

16h. Era um calor dos infernos, dentro da sala de aula da universidade só o barulho dos três velhos ventiladores de teto e a voz monótona de um professor cansado. Um discurso que nem ele mesmo estava prestando atenção. Todos no piloto automático. Uma garota balançando a caneta com uma mão e uma mecha do cabelo na outra, parecendo anotar algo no caderno. Um moleque mexendo no celular sentado de forma totalmente desconfortável na cadeira – mas ele só vai perceber o desconforto na velhice. Um bocado de alunos focados (eu acho) no discurso do professor. E eu no fundo da sala, perdido. Perdido em pensamentos.
Onde é que eu estou pelo amor de Deus? Eu estou onde é pra estar? Eu estou onde eu QUERO estar? E onde eu quero estar? Com certeza, não é aqui... Quem disse que a gente tem que fazer escolhas tão cedo não explicou que tinha que estar preparado para fazê-las. Nem muito menos que teriam consequências. Não fazer o que quer ou não saber o que quer são escolhas que são cobradas de nós, sabe-se lá por quem.
Eu sei que quero coisas. Eu quero muitas coisas. Quero viajar o mundo, beijar uma garota na chuva, tocar um instrumento, ver um filme sozinho no cinema, ou coisas simples como assistir a uma interessante, talvez, ou observar malabaristas de rua – ser um malabarista de rua, quero um vento na cara, mas estou sufocado.  Quero ser coisas, fazer coisas.
Mas não sou. Nem faço! Vazio neste movimento inerte de apenas vagar. Me comportando e agindo da forma mais preguiçosa possível. Tudo que significa ação e movimento passa bem longe de mim. Tudo é difícil, tudo é trabalhoso demais pra minha condição.
Mas por quê? Porque eu sou assim? Como foi que eu cheguei até aqui? Eu quero conseguir mudar, quero ser organizado, centrado, focado. Já percebi que não sou – nem vou ser – aqueles caras de filme que tem coragem pra tudo e que é o protagonista de grandes aventuras, agora eu só quero ser o personagem que não morre em vão. Quero ser o que a minha mente consideraria perto do ideal, pra pelo menos, sentir orgulho de mim mesmo, já que ninguém o faz. Tudo consequências de escolhas que fiz sem estar preparado para fazer. Mas que ninguém, repito, NINGUÉM, me explicou direito como as coisas eram. Se me explicaram, esqueceram-se de perguntar se eu tinha entendido. Ou de me avisar que estava fazendo errado.
“Ah, mas só depende de você... basta querer”, e vocês acham que eu não quero? A pior coisa é depender só de mim. Não me sinto capaz de nada. Tenho medos, principalmente de coisas que eu nem sei como são ou se existem de fato. Meus esforços estão concentradas em esquecer que outras pessoas pensam em mim, lembram de mim, esperam coisas de mim, porque assim só eu me decepciono comigo. Me convenço que elas não lembram mais. Sou invisível.
Mas eu não quero isso pra sempre. É uma tortura. Talvez no fundo eu queira ser lembrado, celebrado... só não sei como é isso. Penso que seja sorte ou destino, porque não? Tem gente que nasce pra vencer, pra motivar, eu só peguei a fila errada.
E antes que eu pensasse em alguma estratégia para contornar isso tudo, pra sair do modo avião e ir – finalmente – para o modo ativo, me surpreendi com meu nome sendo chamado pela segunda vez, num tom mais alto e alguns olhando pra mim. Eu apenas respondi recolhendo minhas coisas: PRESENTE.